quarta-feira, 13 de abril de 2011

Paula Pfeifer. Autoestima! Onde está a sua?

Semana passada eu assistia a um programa no Discovery H&H onde a mulher mudava 5 coisas que odiava em si mesma. Um dos problemas eram manchas nas costas. Mas, quando ela mostrou ao médico, a própria apresentadora disse: mas é só isso?

Fiquei chocada. Minhas costas são manchadas de espinha, 50 vezes mais do que a da moça. E eu nem ligo. Mas tenho uma cicatriz no corpo que me faz até nem olhar para o espelho na área em que ela está.

Criamos um cenário macabro e nos odiamos por ter tal parte do corpo "imperfeita". Damos uma atenção exacerbada.  

Mas, e se você tivesse uma deficiência? E se não ouvisse?

Ainda não estudei psicanálise o suficiente para ter uma resposta, por isso achei melhor buscar um exemplo inspirador para curar a minha e a sua loucura. Paula Pfeifer é dona do Sweetest Person, um blog de moda e beleza super badalado e, com certeza, você nunca notaria a sua deficiência.

Não sei o que aconteceu comigo de uns tempos pra cá, mas cheguei num ponto da vida em que a opinião dos outros a meu respeito não me importa mais. Tenho consciência de que a vida é curta, de que posso morrer amanhã. Não perco tempo com momentos de baixa autoestima. Mas claro que já passei por isso e de vez em quando tenho as minhas recaídas.

A surdez é 'natural' pra mim. São 'os outros' (como chamamos na antropologia) que se sentem incomodados. Tipo isso de 'será que ela está fingindo que é bem resolvida?'.

Tenho plena consciência das minhas limitações em função da minha deficiência, mas meu foco não são minhas limitações, e sim o que consigo fazer, o que faço bem, o que quero realizar. Foco nisso e toco o barco. Estou lendo o livro sobre a vida da Helen Keller, que era surdocega. Como posso me sentir mal ou reclamar da vida se alguém como ela via beleza em tudo e superou obstáculos que nem ouso imaginar superar?

Se estiver sem aparelhos auditivos, escuto meu cachorro latindo se ele estiver do meu lado. Mas não escuto campainhas, telefone, TV, nada. Tenho surdez bilateral de caráter severo. São 5 graus e estou no grau 4. Com os aparelhos chego ao grau 2. Escuto até o tic-tac da seta do carro. A única coisa que não faço é falar ao telefone, 'escuto, mas não entendo'.

Balada é tortura chinesa. Não se pode fazer leitura labial, o aparelho amplifica demais todos os barulhos horrorosos.

A surdez é uma deficiência invisível, ninguém me olha e adivinha que sou surda. E quando a pessoa descobre, só quero que ela pergunte como pode me ajudar a entender o que ela diz, se preciso for. Tem gente que acha que começando a falar aos berros ajuda. Na verdade, só preciso que ela articule melhor os lábios ou fale pausadamente.

Meu lema é viver um dia de cada vez."

O defeito de fábrica ou imposto pela vida está lá. O espelho, o julgamento do outro e o nosso, também. Mas, diante de uma aula dessas, só resta uma coisa a fazer... Paula Pfeifer. Autoestima! Onde está a sua?

7 comentários:

Marcela disse...

Oi.
Muito interessante o texto.
Engraçado como às vezes nos prendemos a coisas tão bobas para procurar defeitos em nós mesmos. Ou será que são detalhes que parecem bobos quando falamos neles mas que nos traz memórias ou sentimentos ruins e por isso tentamos nos livrar destas marcas como se pudéssemos também jogar fora aquela lembrança?
Gostei da sua idéia. Vou escrever sobre isso mais tarde ou amanhã no meu blog. Beijos

Ana Santos disse...

Em primeiro lugar, parabéns pela abordagem do tema autoestima. Vivo assombrada pela minha. Digo, pela ausência dela. Por mais que eu tente me convencer que o padrão social imposto é cruel, que eu preciso me aceitar como eu sou, nem sempre isso funciona como deveria. Já criei anticorpos para um bocado de situações, mas Flávia, é difícil (pra mim, que fique bem claro), conviver com os muitos quilos a mais. São seis anos brigando com a balança e com a terapia. Comer compulsivamente é uma doença, que não será curada ou tratada com uma redução de estomago, infelizmente. Eu vejo as fotos antigas em que a ansiedade não havia dominado meu manequim e me pergunto como permiti que isso acontecesse. Talvez você me encontre um dia e diga “ah, mas você nem é tão gorda assim”, mas a questão está no que o espelho aponta pra você (e a balança também, rs*). Juro que eu queria ser uma pessoa bem resolvida, minha terapeuta ficaria super orgulhosa disso, tenho certeza, mas não dá, ainda não ‘evolui’ a este ponto. Tenho uma colega de trabalho que é bem mais gordinha que eu e é super resolvida com isso, capaz de encarar um show de Polle Dance na maior. Hoje eu consigo lidar um pouco melhor com o fato de não ser mais o que era. Brinco com o fato de vestir mais do que os aceitáveis 42 do “Esquadrão da Moda”, digo que sou tão inteligente e modesta (óbvio, rs*) que o espaço no cérebro ficou pequeno e teve que ir pro quadril, mas ainda não desenvolvi escudos contra certos comentários.
Paula Pfeifer é impressionante, não permite que os outros interfiram em sua percepção do mundo, nem a impeçam de fazer certas coisas por ser deficiente e isso me faz pensar que o mundo precisa mudar a “ditadura da forma de iguais”. Somos múltiplos, diferentes em limitações, talentos, manequins, deficiências e experiências. A partir do momento que conseguimos nos aceitar por completo, entendo que o mundo a nossa volta responderá a altura. Ele poderá até gritar o contrário, mas não será alto o suficiente para tirar o sorriso dos lábios!
Beijos!!

Ana Paula disse...

Poxa, que lindo, adorei esse texto. E realemnte... a defiência está no outro, e não si mesmo...

Anônimo disse...

Olá Flávia, convido vc a dar uma passadinha no meu blog tb e se increver.
Bjssss

http://grazynha-plantandoumasemente.blogspot.com/2011/04/proibicao-do-veu-islamico.html

Rejane disse...

Apesar de vir sempre aqui, quase não posto comentários. Mas este assunto de hoje é algo que me intriga muito.
Dias atrás postei um texto sobre Reclamar X Agradecer(http://diariodarejane.blogspot.com/2011/04/reclamar-x-agradecer e coloquei um vídeo realmente muito bom sobre a vida de Nick Vujicic que ilustra justamente como a pessoa enfrenta as próprias limitações, que as vezes nem são físicas.
Acredito que as deficiências mais sérias, não são as mentais nem as físicas, mas as sentimentais. Todos temos coração, mas nem todo mundo usa-o adequadamente.

Bjos

Roberta de Souza disse...

Emngraçado...
Sempre tive minha autoestima em alta. E olha que eu sempre encontrava gente pelo caminho que tentava de tudo fazer com que ela acabasse ein...

Sempre fora dos padrões de beleza, mas sempre satisfeita comigo e com minhas conquistas.
Sabe o que percebi? Isso incomoda as pessoas e as fazem más e mordazes...
Eu deixo que se afogem em seu próprio veneno...rs

bjkas

Em busca de mim, como realmente sou. disse...

Concordo com a Rejane, a pior deficiência é a de auto-estima. Ninguem consegue ser feliz sem ela.
Ter amor por si mesmo é incrivelmente importante, sem amor proprio as pessoas machucam a si mesmo, não se valorizam, sofrem e passam a vida inteira sem ter a felicidade completa. Não fazem o que poderia ser feito, não buscam o melhor para si, pois não se acham merecedores, sentem-se vítimas da vida e dos outros, não fazem o seu melhor, deixam de viver ao máximo, aproveitando cada dia, pois as angustias de se sentir inferior o sufocam. Costumam colecionar relacionamnentos doentios, e fazem de tudo para manter alguem ao lado, mesmo que seja a pior pessoa.

Pois é...Auto estima baixa não é bom para nimguem.

Se as pessoas lutassem mais por si mesmas, por seu amor proprio, não existiria tantas pessoas doentes emocionalmente.

Minha tendência é ter auto estima baixa/média. Mas eu luto por ela, dia-após-dia. E conheço os milagres que o amor proprio faz por nós.
Tenho consciência da minha responsabilidade comigo mesma, e jamais vou entregar a minha felicidade nas mãos de alguém. Sei que nimguem pode me fazer infeliz, só até onde eu permitir, não sou vítima, sou dona da minha vida.

Posso escolher meus caminhos e decidir o melhor para mim.

Aprendi que só posso amar a alguem de verdade se primeiro ME amar.

Descobri que amar a nós mesmos é o melhor bem que temos. Não tem dinheiro que pague o bem que a auto estima faz em nós.

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