domingo, 21 de junho de 2009

Como matar esta saudade mim mesma?

Adoro tomar café com as minhas amigas, porque sempre ouço histórias e relatos curiosos. Há umas três semanas não saia com Poliana. Fiquei impressionada com as mudanças no curto espaço de tempo.

Largou os dois empregos, mandou a babá que também era quem arrumava a casa embora. Para completar, disse: agora está tudo se encaixando.

"A fazenda", o novo reality febre da TV brasileira. Assisti a dois episódios. Num deles uma das participantes, esta da foto, pediu para sair do programa e dispensou o cachê de 60 mil Reais, porque estava com saudades de uma pessoa: ela mesma.

No dia a dia, não é tão fácil perceber o quanto estamos distantes de nós mesmos. Cadê eu que não me reconheço mais?
Coisas bobas nos fazem ir para longe de nós mesmas. Cortar o cabelo curto por praticidade, mesmo preferindo-os longo. Não beber mais vinho, porque o marido é evangélico. Amar saia curta, mas parar de usar porque chegou aos 30. Estudar chinês porque disseram que é o idioma do futuro, quando seu sonho sempre foi aprender francês.
Esta mesma amiga disse que o queria agora era ficar à toa, ao menos por um mês. Precisava lembrar quem era ela. Perguntei se não tinha vontade de voltar a ser apresentadora de TV. Ela disse que não, que esta fase ficou para trás.

Foi quando consegui pegar a essência desta saudade de nós mesmos. Sentir que precisamos ajustar a sintonia, não é saudosismo, não é querer voltar a ser algo que já não nos cabe mais. Mas sim lembrar de algumas forças, desejos e principalmente a essência de ser quem nós realmente somos.
No dia a dia tudo isso é abafado pelas obrigações, filhos, postura no trabalho, falta de dinheiro, decepções. Em alguma parte, em meio às indecisões da vida, em meio ao caos urbano diário, em meio a decepções da vida, vamos perdendo nossa essência. Aquela nos distingue, que nos faz únicos. Ela vai para longe de nós porque parece que não é mais bem vinda. É como um ente querido sendo rejeitado.

Um dia a saudade bate, as coisas param de fazer sentido e dá aquela vontade de reencontrar a pessoa que um dia mais conhecemos no mundo, nós mesmas.

Mas o caminho para matar esta saudade não é fácil. Precisa de tempo, ajustes. Aquela da qual sentimos saudade precisa se encaixar à pessoa que na qual nos tornamos. Não há fórmulas, há vontade. No caso da Poliana, o limite foi quem deu o empurrão para ela ir atrás desta pessoa que partiu sem ela fazer nada... Mas não é preciso tanto... hoje mesmo pode-se encontrar um espaço na agenda para pensar: Como matar esta saudade mim mesma?

10 comentários:

Anônimo disse...

nossa, entendo perfeitamente o que quis passar...
adorei a citação do "chegando aos 30", to bem nessa fase e lembro d uma aula de psicologia que tive onde a professora, dizia que em torno dos 30, dava-se o processo de pessoação, onde tu inconsciente fazia uma reciclagem de toda tua bagagem e passava a descobrir quem realmente se é... bem, acredito que esteja bem nesse processo...
e como matar essa saudade de mim? acho que só quando completo o processo, já fiz alguns avanços, virei a carreira 180º, algo que considero bem difícil, mas to tentando mudar para algo que realmente quero agora... entre outras coisas que se redefinem... comlicado mas ao mesmo tempo parece que as coisas finalmente tomam seu rumo

bjoks,

tereSafur

Claudia Acourt disse...

Eu me via de longe, muuuito longe. E sentia saudades de estar comigo. Ate que esqueci quem eu era. Estava concentrada em nao decepcionar àqueles que me admiravam e, sem perceber, me moldavam. Resolvi isso me afastando de todos, inclusive familia, e me aproximando de mim mesma. Foi gostoso me olhar no espelho, ouvir minha propria risada e, em outras vezes, o meu choro. Nao è facil se afastar de quem ama, mas amar a si mesmo è primordial.

Fê França disse...

A cada dia temos a oportunidade do contato com nós mesmas, eu acredito. Em pequenas escolhas, como comer o que gosta, ler o que quer, sabe? Não deixar de comer TUDO porque engorda, ir a um lugar só porque é moda, etc. E sermos nós mesmas não tem preço! ;o) Beijos, Fernanda.

http://saia-justa-georgia.blogspot.com/ disse...

Flavia, parabéns pelo post. Magnífico.

Uma vez ouvi alguém dizendo que iria chtar o pau da barraca; nao entendi o que aquela pessoa queria dizer; semanas depois aquela pessoa fez umas mudancas radicais na vida dela. Deixou de viver o espelho das apresentacoes e passou a ser ela mesma. Desde entao eu aprendi muito com essa pessoa. Embora eu nao consiga chutar o pau da barraca em muitas situacoes.

Mas esse seu post me lembrou um livro que já te recomendei e que vc deveria lê-lo:

http://elasestaolendo.blogspot.com/2009/03/baunilha-e-chocolate.html

A personagem central do romance faz exatamente isso e nos dá uma licao de vida.

Uma linda semana pra vc.

Beijao

Ana disse...

Bacana o post. Eu sinto saudades da menina despojada que eu fui. Então, aos finais de semana, visto um jeans e uma baby look e tento matar as saudades dela. Sempre funciona, rs

Myself disse...

Essa mulher é linda!

Olha, é verdade: a maioria das pessoas costuma abafar o verdadeiro "eu" delas para seguir as convenções sem maiores problemas.
É realmente muuuito difícil ser vc mesma 100%; tem gente que PEDE pra você mentir.
É o que acaba acontecendo comigo: eu não deixo nunca de fazer tudo o que desejo, mas como sei que algumas coisas não serão aceitas, omito.
Eu é que não vou deixar de fazer o que me agrada (e não desonra e nem prejudica ninguém)pra agradar terceiros!!!

Beijos!!!

Hanny Meire disse...

Não se importando com a opinião alheia. Acho que muita gente se afasta de si por que tende a ser como "os outros" ou "a sociedade" quer. BJS!

Lucia disse...

Nesse ponto eu sou grata por ser uma pessoa egoista, pois nunca me afastei de quem eu sou. E nunca faria isso por nada e por ninguem. A unica coisa que me incomoda eh trabalhar com algo que nao gosto, mas ja estou remediando esse problema. Bjos

Anônimo disse...

É, eu sinto muita falta de mim mesma, mas o limite não me deixa chegar lá onde estou. Mas acredito que isso ainda pode mudar! Adorei o post! Beijos!

Anônimo disse...

Ótimo post! Estou precisando matar a saudade de mim mesma... reviver antigos sonhos que por um motivo ou outro foram guardados no fim do meu baú...

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